quinta-feira, 14 de março de 2013

HENRIQUE V – Um drama épico, com Lawrence Olivier. Filmado em 1944 e fielmente baseado na peça de William Shakespeare.

Escrever sobre Shakespeare é uma petulância da minha parte. Sendo petulância a palavra chave desse comentário, ela cai como uma luva sobre esse petulante Rei da Inglaterra que baseado na sua genealogia, reclama para si o trono da França e parte numa guerra insana contra um exército petulante, eis a palavrinha aí de novo, exército cinco vezes maior em número e que, mesmo assim, Henrique V sai galhardamente vitorioso. Como recompensa recebe a mão de uma bela princesa francesa, a quem ele conquista o coração numa breve guerra de palavras em duas línguas, o inglês e o francês. Ele a convence com o astuto argumento de que, sendo ela sua, seria dele a França. Sendo ele dono da França e da Inglaterra, e ela sendo dona de seu coração, seriam dela também as duas gloriosas nações. E o filme acaba com o casamento do garboso e petulante Rei que conquista para si uma nação e o coração de uma bela princesa. Esta peça, que o ator e diretor inglês Sir Lawrence Olivier transforma em filme, não está listada entre as melhores peças do genial poeta e dramaturgo inglês que viveu entre 1564 e 1616. Numa Inglaterra onde reinava a mítica rainha Elizabeth I, a virgem, que levou seu país a grandes vitórias em guerras e iniciou o que se consolidaria décadas mais tarde como o grande império britânico. Foi um período de grande crescimento econômico, político e social para o outrora frágil reino inglês. Nesse cenário surgiu Shakespeare, ator, escritor teatral e empresário do teatro. Ele vai beber na fonte dos clássicos gregos e romanos para buscar inspiração para suas peças que inicialmente são comédias, depois ele migra para as tragédias e romances. Todos nós já vimos em algum momento de nossas vidas obras cinematográficas, teatrais ou literárias baseadas em parte ou em sua totalidade na obra desse gênio que foi William Shakespeare. Romeu e Julieta, A Megera Domada, Hamlet, Othelo, e esse Henrique V são obras-primas que deveriam ser lidas ou assistidas por todos, pois são eternas. É por isso que eu adoro o cinema, por que de outra forma, como teríamos acesso a sua obra? Certa vez eu tentei ler o original de O MERCADOR DE VENEZA. Fui até o final por que me obriguei a isso, mas beber na fonte original me pareceu uma taça amarga. A linguagem densa e rebuscada de séculos atrás, escrita em versos, para mim, escondia atrás de si a história que eu já havia visto no cinema com AL PACINO no papel do avarento judeu que pede um pedaço do couro, ou a própria pele, como garantia pelo não pagamento de uma dívida contraída através de empréstimo. No cinema, os amargos versos ficaram doces e fáceis de serem deglutidos. É por isso que amo o cinema!

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