segunda-feira, 26 de novembro de 2012
Memórias Póstumas: assisti o filme
Comentários: Memórias Póstumas de Brás Cubas - O Filme
Acabo de assistir ao filme de 2001 Memórias Póstumas, estrelado por Reginaldo Faria no papel do defunto narrador Brás Cubas que descreve sua vida através de movimentos de idas e vindas no tempo e nas idades. O filme e seu diretor um desconhecido, se prestam a uma tarefa hercúlea, que é traduzir em cenas de cinemas um dos maiores livros da literatura brasileira e, que, ao ser narrado por um defunto, ou fantasma, imprime uma temática roteirista completamente diferente do tradicional. O diretor falha e segue a risca o livro, narrando, falando, indo,voltando, parando. O livro é realmente complexo e nisto está sua beleza e inovação. Mas ao tentar repetir essa narrativa, o filme se torna repetitivo, lento e em alguns momentos chatos. E o livro não é nenhuma coisa nem ou
tra. É sabido que o grande protagonista das obras de Machado de Assis é o Rio de Janeiro do segundo império e como coadjuvantes estão seus personagens, Brás Cubas, Quincas Borba, o filósofo da clássica frase " Ao Vencedor, as Batatas!" e o grande amor de Cubas, Virgília.
O enredo se trata da vida de Cubas, seus amores, seus sonhos não realizados, melancolia, traição, e justificação desta, se é que isso existe, e melancolia, muita melancolia. O filme tenta expor as relações de poder do segundo império e as formas das famílias em ascensão conseguirem esse poder. Trata também com bastante ironia ao descrever a política e relações familiares.
O filme portanto, se perde numa lentidão e não faz jus ao texto original de Machado. Ao contrário, o deforma, apequena. É um desses casos de filmes que nos obrigam a ler o livro para bebermos na fonte original para entender e decifrar melhor os personagens.
A atuação de Reginaldo Faria é tranqüila. Ele é pouco exigido. Os figurinos são muito bons e as locações externas nas casas do século 19 são um espetáculo à parte. As mulhers parecem todas insípidas, e o Gontijo - que faz o jovem Cubas - se é bom ator, eu não vi nesse filme. Sua atuação é um feijão com arroz sem carne e sem molho.
Para mim, o melhor são os textos de Machado, como esse final dita pelo defunto Cubas ao se ver no leito de morte:
"Este último capítulo é todo de negativas. Não alcancei a
celebridade do emplasto, não fui ministro, não fui califa, não
conheci o casamento. Verdade é que, ao lado dessas faltas,
coube-me a boa fortuna de não comprar o pão com o suor do
meu rosto. Mais; não padeci a morte de Dona Plácida, nem a
semidemência do Quincas Borba. Somadas umas coisas e
outras, qualquer pessoa imaginará que não houve míngua nem
sobra, e conseguintemente que sai quite com a vida. E imagi-
nará mal; porque ao chegar a este outro lado do mistério,
achei-me com um pequeno saldo, que é a derradeira negativa
deste capítulo de negativas: Não tive filhos, não transmiti
a nenhuma criatura o legado da nossa miséria."
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Parabéns Leão pela criação do blog!
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