terça-feira, 25 de dezembro de 2012
THE GOOD, THE BAD AND THE UGLY (1966) CLINT EASTWOOD
Trata-se de uma produção italiana, filmada na Itália e na Espanha, - onde são reproduzidas as grandes planícies americanas -, dirigida por SERGIO LEONE. O filme faz parte de uma sequencia da filmografia de LEONE que incluem os anteriores “A FISTFUL OF DOLLARS (1964)“ e, “FOR A FEW DOLLARS MORE ( 1965 )”, todos estrelados por CLINT EASTWOOD no papel do pistoleiro sem nome, que nesse filme é apelidado de BLONDIE (Loirinho) por um dos personagens e permanece sem nos apresentar seu nome. Os atores principais são complementados pelo excepcional ELI WALLACH (TUCO) e LEE VAN CLEEF (OLHOS DE ANJO – O MAU). Apesar de originalmente o filme ter sido recebido de uma forma negativa devido a seu forte apelo pela violência, o filme permanece como um dos mais populares werterns de todos os tempos e é comumente considerado como uma dos maiores filmes de seu gênero, o wertern. Está entre os 100 melhores filmes do século passado através de uma seleção de críticos americanos, e foi um grande sucesso comercial no seu tempo. Quentin TARANTINO, um dos grandes diretores de cinema do nosso tempo, conhecido pela violência que apresenta em seus filmes, e pela genialidade dos mesmos também, chamou o filme de “o filme mais bem dirigido de todos os tempos” (tradução livre minha) e votou duas vezes por elegê-lo como o melhor filme já feito. Eu começo citando TARANTINO, pelo respeito que esse nome impõe na atualidade, para reforçar o argumento que eu reputo “THE GOOD, THE BAD AND THE UGLY”, com um entre os três melhores werterns que eu já vi em minha vida. E olha que eu já vi quase tudo em se tratando de werterns de boa qualidade.
O diretor Sergio Leone explica que a violência nesse filme, e os assassinatos em seus filmes em geral são exagerados por que o oeste americano – em sua visão - era feito por homens violentos, exagerados e despreocupados com isso, e era isso, essa força e simplicidade violenta na sua ótica, que o diretor tentava capturar em seus filmes.
Uma das belezas do filme, a meu ver, é a música de ENNIO MORRICONE, que constrói uma obra bela, rica e forte. A impressão que me dá é que a música de MORRICONE é um quarto personagem que compete em atenção e tempo de cenas com os outros. A música é intensa e dá a intensidade dos momentos chaves do filme, como na última cena em que durante vários minutos não são ouvidas vozes, mas somente música. Em diversos momentos do filme, falar é irrelevante. Nesses momentos, se fossem acrescentados diálogos, o filme e a cena ficariam menores, dada a grandiosidade, complexidade e beleza da música de MORRICONE.
A história gira em torno de três pistoleiros que ao viverem de pequenos golpes, dois deles BLONDIE (O BOM) e TUCO (O FEIO), trabalham juntos, e um terceiro, chamado de OLHOS DE ANJO (O MAU), trabalha sozinho e demonstra ser o mais violento do grupo. Esses homens têm conhecimento de uma grande quantidade de ouro confederado que ficou enterrado numa cova de um cemitério. A busca por esse dinheiro, e pelas pistas para encontrá-lo, são a base do filme, sendo a cena final, o confronto entre os três pistoleiros, uma cena memorável. No caminho que esses pistoleiros percorrem até esse clímax, alguns personagens aparecem introduzindo ao filme o ambiente de destruição, desgoverno e salve-se quem puder que imperou, segundo a leitura de LEONE, no oeste americano no período da guerra civil americana, momento histórico em que o filme está inserido. O filme caminha lento, mas intenso. A meu juízo, não vejo perda de continuidade na forma coma a história é contada, mas alguns podem achá-lo lento. É importante entender que são várias histórias num só filme, e os quatro personagens principais têm seu tempo para serem apresentados ao público (os quatro personagens a que me refiro são os três pistoleiros e a música, que como disse é um dos personagens principais).Uma das cenas que bem representa essa situação de destruição e violência é a cena em que BLONDIE e TUCO são presos num campo de prisioneiros do exército da união. O comandante, gangrenado e com os dias contados, faz ameaças ao sargento (OLHOS DE ANJO), que é quem comanda de fato o acampamento, e o usa para seus pequenos golpes, e que patrocina uma sessão de tortura para arrancar de TUCO a localização do dinheiro. A tortura de TUCO acontece enquanto a banda de prisioneiros está tocando uma bela melodia, o que a meu ver aprofunda a violência do filme. Enquanto toca, o violinista chora pois todos sabem que o objetivo do som da música é encobrir o horror da tortura. LEONE construiu junto com seus roteiristas o conceito original de mostrar o absurdo da guerra civil americana que os personagens vão encontrando ao longo do filme. Literalmente LEONE disse “em meu ponto de vista, não faz sentido, é estúpido: o esforço da guerra não envolve uma boa causa” (tradução livre minha). LEONE havia lido sobre um campo de prisioneiros patrocinados pelos confederados sulistas na cidade de ANDERSONVILLE, onde morreram aproximadamente 120,000 nortistas. E LEONE continua dizendo “você sempre ouve falar sobre o comportamento vergonhoso dos perdedores,nunca dos vencedores”(tradução livre minha).
Gostaria de ressaltar elogiosamente os cenários do filme, tanto nas cidades abandonadas ou destruídas pela guerra, como as estações de trem, passando pelos cenários de guerra, alguns deles envolvendo mais de 1500 figurantes. As cenas de violência gratuita são aprofundadas por exemplo na cena em que TUCO precisa se livrar de seu algoz e torturador cortando a corrente que os prende pelos pulsos. O torturador desmaia após um golpe, e a arma falha na hora do disparo para cortar a corrente. Sua opção é por deixá-lo na linha trem para que este ao passar possa cortar a corrente que os prende pelas mãos. Outra cena de violência gratuita, ou seja, que você pode se perguntar do por que essa cena existir, é o momento em que um destacamento de soldados ianques vai passando levando um homem com um caixão nas costas. Eles param, fuzilam o prisioneiro, o colocam no caixão e seguem com ele para destino ignorado.
TUCO, o mais falante dos três, num dos momentos em que é perseguido por um antigo desafeto, também falante como ele, resume bem uma característica do seu personagem: “ Quando você tiver que atirar, atire, não fale!” O personagem de CLINT EASTWOOD, revela o seu apelido de "O BOM" numa cena em que depois assassinar alguns, encontra um soldado confederado ferido e moribundo a beira da morte, tira o seu casaco, o cobre e lhe dá uma última baforada no seu inseparável cigarro. A cena final é estupenda. Não se sabe se a música foi feita para a cena, ou o inverso. O resultado é um casamento perfeito de música e filmagem que vai num crescente de angústia, suspense e tensão até o momento final que surpreende.
Meus amigos, o filme é ótimo! Para os amantes do faroeste é uma obrigação! Eu recomendo.
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