sábado, 20 de agosto de 2016

BEN HUR(2016) O FRACASSO DE UMA REFILMAGEM - IMPOSSÍVEL RECRIAR UMA OBRA PRIMA.

BEN HUR(2016) Baseado no filme clássico e superpremiado BEN HUR (1959), estrelado por Charlton Heston, esta refilmagem encanta pela grandiosidade, pela história emocionante de superação, vingança e perdão e pelos maravilhosos efeitos especiais. A história se passa na Jerusalém do período da vida mortal do Salvador Jesus Cristo. Os últimos oito anos antes da crucificação de Cristo em Jerusalém. O personagem central é um judeu rico e de família nobre, Judah Ben-Hur, que tem um irmão adotivo de origem romana, Messala Severus. O amor e cuidado entre irmãos é confrontado pelo poder imperial romano quando Messala retorna a Jerusalém com uma alta patente no exército e fica encarregado da segurança do governador Pôncio Pilatus. Um incidente infeliz confronta os dois irmãos e coloca nas mão de Messala o destino e as vidas de Judah, sua mãe e irmã. A escolha de Messala por Roma inicia todos os eventos sangrentos e espetaculares do filme até um desfecho surpreendente e totalmente diferente do filme de 1959. Destaque para o personagem de Morgan Freeman (Sheik IIderim), o rico criador de cavalos que salva Judah no deserto e o põe diante de Messala no circo de Roma para consumar sua vingança e confrontar o orgulho e poder romanos. Destaque para o brasileiro Rodrigo Santoro no papel de Jesus Cristo. A mensagem cristã permeia todo o filme, representada pelos personagens de Jesus Cristo e Esther, a esposa de Judah, que abraça a fé cristã e tenta, em vão, livrar os dois irmãos das consequências da vingança. EFEITOS ESPECIAIS Duas sequências são espetaculares e inovadoras. A cena da batalha das galés no mar Jônico, onde nós como espectadores, vemos a batalha o tempo todo sob o ótica de Judah, um escravo de galés. E, a impressionante cena da batalha de bigas puxadas por cavalos, no circo romano de Jerusalém. Destaco a tentativa do diretor, através dos efeitos especiais de última geração, em aproximar o expectador do realismo das batalhas. COMPARAÇÕES COM O FILME DE 1959 É impossível recriar uma obra-prima. Nesse sentido o diretor fracassa em refilmar o clássico de 1959. Ben Hur (1959) ganhou 11 Oscares, e está numa categoria de filmes grandiosos como “E O VENTO LEVOU...”, “TITANIC”, filmes que não podem ser refilmados, são clássicos no seu tempo, e feitos com as ferramentas e tecnologias disponíveis no seu momento. A corrida de bigas do clássico de 1959, vista hoje ainda impressiona. O Ben Hur(2016) encurta a história em pelo menos uma hora e meia, o que é muito bom. As audiências de hoje não aguentariam ficar mais de três horas sentados no cinema. Certamente os celulares e redes sociais iriam chamar a atenção das pessoas e o filme seria um fracasso. Os personagens de Messala e Sheik IIderim (Morgan Freeman) assumem papel central no filme. No filme de 1959, Messala era um frio e insensível romano que merecia a vingança e a morte. Nesse filme ele merece o perdão. O Sheik em 1959 era um personagem secundário, quase cômico. Nessa refilmagem, assume papel central e sério. Em tempos de pós guerra de 1959, o inimigo tem que ser destruído e morto. Em tempos de paz e aceitação das diferenças de 2016, o inimigo tem que ser perdoado e aceito com suas diferenças. O filme é bom e vale o ingresso, porém, fracassa na tentativa de refilmar um clássico.

segunda-feira, 8 de agosto de 2016

A ASSASSINA (2015) Taiwan. Poesia em imagens sobre a China medieval. Western de espadas.

A ASSASSINA (2015) Taiwan. Recomendo com ênfase. Poesia em imagens sobre a China medieval. É um filme taiwanês, ganhador do prêmio de melhor diretor no festival de Cannes (2016). O diretor de nome impronunciável para os nossos padrões brasileiros é muito bom mesmo. As imagens, a fotografia, as cores, luzes, diálogos, e roteiro, quase tudo perfeito. O figurino também é muito bom. Pode ser classificado como filme de ação, e pode parecer lento para alguns, até mesmo para os padrões asiáticos. É também um romance, e até um “western de espadas” da China imperial medieval. Os detalhes da China história são impressionantes e cativam o expectador. Para o cinéfilo acostumado a ação intensa e música ensurdecedora, a decepção será evidente e rápida. A pouca e bela música é um componente surpreendente do filme. A música não compete com as imagens, as complementa. As imagens são o principal personagem do filme, belas e poéticas imagens. O cineasta Hou Hsiao-Hsien envereda pelo wuxia, o mais tradicional gênero do cinema chinês. A Assassina (Nie Yin Niang, 2015) é uma fantasia medieval de artes marciais. O objetivo é encontrar poesia em coisas mundanas e violentas como uma assassina treinada para matar. Achar beleza nisso é para poucos cineastas, e aqui, encontramos um desses poucos. A trama se passa na China do século 8, tem por base o clássico conto wuxia Nie Yinniang, de Pei Xing. A musa taiwanesa Shu Qi interpreta Yinniang, a assassina do título, que para terminar seu treinamento precisa aprender a não ter piedade. Depois de uma missão incompleta, sua mestra envia Yinniang de volta à província de Weibo, de onde a aprendiz saíra anos antes, e exige que a assassina mate o governador Tian Ji'an (Chang Chen), o primo de Yinniang, por quem ela alimenta um sentimento. Recomendo com ênfase.